Explorando a Andaluzia – Jerez, Pueblos Blancos e Cádiz

Rota dos Pueblos Blancos, Andaluzia
Rota dos Pueblos Blancos, Andaluzia

O Sul da Espanha tem uma aura especial. Deixa a gente com aquela sensação boa de viagem mas ao mesmo tempo é acolhedor e nos faz sentir em casa. Foi assim em Sevilha, na nossa primeira vez na Andaluzia e depois em Jerez de la Frontera, uma viagem despretenciosa que acabou surpreendendo pelas paisagens de contos de fada.

Nossa base foi no centro histórico de Jerez, um pequeno studio dentro de um tradicional pátio andaluz que já nos fez entrar no clima da Espanha. Fizemos um roteiro rápido de 3 dias no começo de novembro. Conhecer a região fica muito mais fácil se estiver de carro.

RESUMO DA VIAGEM – 3 DIAS NA ANDALUZIA

Destinos: Jerez de la Fronteira, Zahara de la Sierra, Ronda e Cádiz
Hospedagem: Apartamentos El Patio Andaluz
Época/Clima: Começo de novembro. Clima agradável, levemente frio
Locomoção: De carro na estrada e a pé nas cidades
Moeda: Euro

Dia 1 – Zahara de la Sierra e Ronda (Pueblos Blancos)

Desde que descobri os Pueblos Blancos, uma série de charmosos vilarejos na região da Andaluzia, tinha um roteiro em mente para conhecer o máximo possível deles. As distâncias são curtas e as cidades pequenas, então não é difícil passar por vários em um só dia. Mas, a beleza de viajar sem obrigações é justamente ter liberdade para mudar os planos.

Começamos o dia em Zahara de la Sierra, a pouco mais de uma hora de distância de Jerez de la Frontera. Chegando perto da pequena vila, vê-se um morro salpicado com árvores e casinhas brancas e um castelo no topo. Traduzindo: cidade fofa com vistas incríveis!

As charmosas ruas nos levam intuitivamente até a praça central, onde a Igreja de Santa María de la Mesa divide as atenções com a “varanda” com vista para o Rio Guadalete. Com sapatos confortáveis e algum ânimo chega-se à Torre del Homenaje, que oferece vistas ainda mais espetaculares da cidade e do rio. De volta ao vilarejo, é difícil resistir ao clima animado dos bares e restaurantes com mesinhas na calçada, e foi aí que o plano de conhecer mil aldeias em um dia mudou para passar a tarde comendo tapas e tomando cervejas espanholas.

Zahara de la Siera, na rota dos Pueblos Blancos
Zahara de la Siera, na rota dos Pueblos Blancos
Rio Guadalete em Zahara de la Siera
Rio Guadalete em Zahara de la Siera
Tapas espanholas
Tapas espanholas (todas vegetarianas)

Seguimos depois para Ronda, que já é maior e mais conhecida. Foi difícil achar vaga e mais ainda andar pela cidade, abarrotada de turistas!

A grande atração é sem dúvidas a Puente Nuevo, uma maravilhosa construção do século 18. Ela fica incrustada em um desfiladeiro e tem uma cascata correndo aos seus pés, dá para imaginar? Há algumas trilhas relativamente simples que levam à base, de onde se tem a melhor vista da ponte. Outro bom lugar para admirar a idílica paisagem andazul é o Miradouro de Ronda. O horário do pôr do sol é concorrido, mas vale a vista.

A cidade é uma graça, cheia de ruas charmosas e terraços com vistas fantásticas, mas talvez por estar tão cheia não foi a minha preferida da viagem.

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Puente Nuevo - Ronda, Andaluzia
Puente Nuevo em Ronda
Miradouro de Ronda
Miradouro de Ronda

Dia 2 – Jerez de la Frontera

No dia seguinte ficamos em Jerez para explorar a cidade com calma. Começamos levando o Banoffe para uma voltinha no Parque González Hontoria, um pouco afastado do centro histórico mas um lugar bem agradável. Depois deixamos ele no apartamento para andar sem rumo pela cidade.

Já era começo da tarde então muitos lugares estavam fechados para a siesta (sim, isso é uma realidade. Não sei se as pessoas realmente descansam nesse período mas muitos estabelecimentos fecham). Conseguimos conhecer rapidinho o Mercado Central de Abastos, que fecha às 14:45, e paramos para umas tapas, porque, né? Estamos na Espanha!

Parque González Hontoria em Jerez de la Frontera
Parque González Hontoria (Banoffe com seu look para dias chuvosos)

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Passamos pela Catedral de Jerez, que é bem bonita por fora, mas não entramos. Ali perto fica uma das maiores atrações da cidade, a Bodega Tio Pepe. Jerez de la Frontera é conhecida por suas bodegas e a González Byass, famosa pelo vinho Tio Pepe, é a mais procurada. A visita dura em torno de 1h30 e a entrada mais barata custa 16€, dando direto a um tour guiado (em inglês ou espanhol) e degustação de dois tipos de vinho. Foi essa que fizemos e acho que é suficiente, a não ser que seja um grande conhecedor de vinhos ou não tenha um orçamento limitado.

O lugar é lindo e sua história envolve personalidades de vários países do mundo, incluindo nosso brazuca Senna, que passou por lá quando participava do Circuito de Fórmula 1 de Jerez de la Frontera. Os vinhos jerez (ou sherry), que só podem ser produzidos naquela região da Espanha, são bebidas fortificadas com um processo de envelhecimento único chamado solera.

Catedral de Jerez de la Frontera
Catedral de Jerez de la Frontera
Bodega Tio Pepe em Jerez de la Frontera
Bodega Tio Pepe em Jerez de la Frontera
Bodega Tio Pepe em Jerez de la Frontera

À noite, saímos sem rumo para tapear e depois fomos ver uma apresentação de flamenco em um lugar indicado pela dona do apartamento. Já tínhamos visto um show de flamenco em Barcelona e estávamos com medo de cair em um pega-turista, mas foi uma surpresa entrar no apertado e característico Tabanco El Pasaje e encontrar o lugar lotado de espanhóis! As animadas apresentações acontecem duas vezes por dia, de domingo a domingo, e tem entrada grátis, mas recomendo reservar mesa ou chegar cedo porque realmente enche.

Acho que uma das coisas que me fazem gostar tanto da Andaluzia é isso, poucos lugares são dominados por turistas, no geral a atmosfera é sempre bastante autêntica, cheia de barulhentos e festeiros espanhóis (quem somos nós, brasileiros, para julgar, não é mesmo?).

Flamenco no Tabanco El Pasaje
Flamenco no Tabanco El Pasaje

Dia 3 – Cádiz

No dia seguinte, antes de voltar para Lisboa, fomos conhecer a pequena Cádiz, situada em uma península. A cidade é porto de cruzeiro e tivemos o azar de chegar junto com um deles, tornando a visita um pouco confusa.

Cádiz é uma das cidades mais antigas não só da Espanha mas de toda a Europa, o que significa que por lá já passaram muitos povos, como fenícios, romanos e muçulmanos. Isso se reflete de forma clara na arquitetura e nos monumentos do centro histórico.

Ruas de Cádiz

Não tinha pesquisado nada sobre Cádiz então o roteiro foi 100% intuitivo e despretencioso. Começamos a explorar a cidade pela Plaza de San Juan de Dios, a praça principal, repleta de bares e restaurantes. É lá que ficam a prefeitura e a Iglesia de San Juan de Dios. Caminhamos um pouco pelo Paseo del Vendaval, beirando o mar, e chegamos ao Teatro Romano. A entrada é grátis e as informações são claras e interessantes, estão preservados os corredores e um pedaço da arquibancada.

Ali pertinho fica a menor rua de Cádiz, um inusitado beco cheio de lendas e mistérios chamado Callejón del Duende. Paramos para um petisco em um bar de esquina bem em frente, não me lembro o nome mas as comidinhas vegetarianas eram boas e o espaço bem alternativo, alinhando com a vibe do beco. Continuamos vagando pelas ruelas até a Catedral de Cádiz e o Mercado Central, onde muita gente para para comer alguma coisa nas várias banquinhas espalhadas ao seu redor.

Plaza de San Juan de Dios em Cádiz
Callejón del Duende
Teatro Romano e Callejón del Duende

Ficamos pouquíssimo tempo na cidade, então não sinto que possa dar um veredito final justo. Mas no geral achei gostosa para passear à toa pelas ruas estreitas, sentar em um bar nas várias pracinhas tão características dessa região e ver a vida acontecer em uma cidade tão histórica. Por outro lado senti um clima um pouco confuso, um ar meio Nápoles em algumas áreas, mas nada que tenha estragado o charme de mais uma cidade Andaluz.

Já quero voltar para a Espanha!

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