Na região do Canal da Mancha, quase na linha imaginária onde se dividem Bretanha e Normandia, no norte da França, fica a pequena ilha do Mont Saint-Michel, um lugar que encanta e impressiona, que é religioso e ao mesmo tempo exótico, que vive em função do turismo e da tábua da maré.
Não é difícil entender porquê é um dos destino franceses mais visitados.
Sua história começa em 708, quando o bispo Aubert, da cidade de Avranches, teria recebido três aparições do Arcanjo São Miguel em seus sonhos, onde este lhe pedia que construísse um santuário em sua homenagem no então Monte Tombe.
Dessa forma surgiu a Abadia, edificada sobre os rochedos e coroada com uma estátua de seu santo padroeiro na parte mais alta da torre, e pouco depois a pequena vila que a rodeia, formada basicamente por uma rua principal e algumas estreitas vielas.
Após ser alvo de batalhas na guerra dos cem anos, entre França e Inglaterra, a ilhota ganhou muralhas para evitar novos ataques, foi usada como prisão na revolução francesa e em 1979 tornou-se patrimônio mundial da UNESCO.
Visitantes chegam de carro, ônibus e até a pé, fazendo a travessia pela baía de Saint-Michel com excursões guiadas, já que é necessário um profissional que domine os horários da maré e os pontos mais preocupantes onde há uma pequena amostra de areia movediça. De cima das muralhas é possível ver diversos grupos se aproximando.
O mais comum é se hospedar na zona hoteleira fora do monte ou ainda fazer apenas uma day-trip partindo de Paris, mas nesses casos corre-se o grande risco de perder a parte mais interessante da viagem, ver o momento em que a água vai lentamente invadindo a praia e transformando o lugar literalmente em uma ilha.
Os espaços nas muralhas são disputadíssimos para este momento que acontece apenas duas vezes ao dia, nas marés-altas.
Dormir em uma das poucas e charmosas pousadas intramuros pode não ser a opção mais barata (embora promoções ou golpes de sorte aconteçam, garanto!), mas certamente deixa a experiência mais completa, já que ao cair da noite, quando a maioria dos turistas já foi embora e as lojas e restaurantes estão fechados, o lugar se acalma e se transforma, é como viajar no tempo para uma outra época.
Ficamos hospedados no charmoso Le Mouton Blanc e o clima é exatamente o que se espera para este lugar, perfeito!
Uma escapadinha noturna é interessante para ter uma visão diferente e completa do Monte, que todo iluminado fica parecendo um desses castelos de contos de fada da Disney! A visão da lua refletida na água, quase que como um pôr-do-sol é tão divina quanto todo o resto.
Durante o dia inúmeros visitantes se aglomeram no labirinto de ruas e vielas medievais, cheias de restaurantes, lojas de souvenirs e quatro pequenos museus que contam um pouco a história do monte e da França, com elementos audiovisuais, bonecos de cera, pinturas, esculturas e móveis e roupas da época.
A visita a Abadia é sem dúvida a atração principal, já vale a intensa subida só pela arquitetura, que mistura diferentes estilos superpostos ao longo do tempo, mas o que poucos sabem ou tem o privilégio de conhecer, já que não está disponível todos os meses do ano, é a visita noturna ao monumento.
Quando se espera ver “apenas” um local religioso e se é surpreendido por um espetáculo de luzes, cores e música, a experiência supera todas as expectativas e se torna inesquecível!
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Ambientes totalmente medievais iluminados com neons coloridos e modernas projeções, salas adornadas com lâmpadas penduradas que lembram um céu estrelado, músicos sozinhos com suas harpas ou violinos no canto de grandes salas, emanando um som que vai se avolumando até que seja encontrado.
Tudo isso cria uma atmosfera mística e surreal que se intensifica ao sair no terraço, de onde se vê a enorme construção iluminada e refletida nas águas ao seu entorno, e no magnífico jardim do claustro. Uma mistura de sensações que tornam o lugar ainda mais mágico.
Outra atração do Mont Saint-Michel é a gastronomia, a pedida número um é o famoso omelete do hotel-restaurante La Mère Poulard (também conhecida pelos deliciosos biscoitos), uma receita única por uma pequena fortuna.
Ostras e crepes também figuram nos cardápios como iguarias tradicionais. O segundo aparece em duas versões, a doce, com farinha branca e a salgada, com farinha de sarraceno e formato aberto. Para os que pernoitam dentro do monte, o ideal é jantar cedo, pois os restaurantes não ficam abertos até tarde.
De cima dos telhados, os goélands, espécie de gaivotas muito comuns nessa parte do globo, observam o movimento dos turistas e das marés. Tem a visão privilegiada que nos encanta a cada novo degrau, a cada curva em uma estreita passagem, a cada passo dado na muralha.
Para eles só mais um dia comum, que vai se repetir amanhã, e depois, e depois. Para nós uma experiência única, uma lembrança que jamais será esquecida, de um lugar que mesmo tão turístico, consegue se manter autêntico e misterioso.
Informações práticas:
- Como chegar: Saindo de Paris, é preciso pegar o trem até Rennes (dá pra comprar pela internet aqui) e de lá pegar o ônibus para o Mont Saint Michel. Outras opções são alugar um carro ou fazer a travessia a pé até o Monte.
Ao chegar na zona hoteleira existem shuttles que o levam até a entrada, mas acho bem mais agradável fazer essa parte a pé e ir contemplando o monte pouco a pouco.
- Entrada na abadia: O horário varia de acordo com a época do ano, podendo ir de 09:30-18:00 (Jan-Abr e Set-Dez) ou 09:00-19:00 (Mai-Ago) e o valor integral é €10. Mais informações no site oficial.
- Tábua da maré: Link aqui
*A visita foi em Julho de 2013
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